Existe relação entre a Surdez e o Alzheimer?

São comuns os casos de pacientes idosos que apresentam quadros de demência, associados a dificuldades para ouvir. Um estudo recente comprovou que a perda auditiva eleva em 42% o risco de doenças como o Alzheimer.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência nos dias de hoje e que esse número deve subir para 78 milhões em 2030. A OMS ainda deixa claro que os países têm falhado na prevenção destas doenças.

 

 

Uma medida capaz de prevenir e amenizar o problema está, justamente, nos cuidados com nossa audição. Recentes pesquisas mostram que  a perda auditiva provoca mudanças no funcionamento do nosso cérebro, nas áreas auditivas e também em áreas não auditivas. Por conta disso, a privação auditiva, poderia ser um dos fatores que aumenta o risco de uma pessoa desenvolver demência, incluindo o Alzheimer.

 

Assim como a dificuldade na visão, o problema de audição é comum com a idade, mas pode piorar em casos de pacientes que também apresentem distúrbios no cérebro. Com o passar dos anos é natural que nosso corpo apresente falhas na audição. Como essa falha ocorre gradativamente, a maioria das pessoas não percebe que está com dificuldades para escutar. Os primeiros sinais são percebidos pelos familiares próximos, pois o idoso não entende o que foi dito, passa a pedir para repetir o que foi falado e aumenta o volume da TV ou rádio. As primeiras e mais perceptíveis dificuldades auditivas começam a aparecer em ambientes ruidosos, com muitas pessoas falando ao mesmo tempo, como uma confraternização em família. O idoso não consegue ouvir e perde o interesse em participar da conversa e interagir, promovendo o isolamento social. Algumas pessoas podem inclusive apresentar zumbido. Apesar de não ser uma doença, o zumbido é uma manifestação importante de que algo no corpo não está bem e em muitos casos pode ser o primeiro sinal de problemas na audição.

 

Nos dias de hoje, temos muito mais recurso no que se refere à saúde, promovendo o aumento da estimativa de vida. Ainda, segundo a OMS, entre 2015 e 2050, a população com mais de 60 anos de idade passará de 900 milhões para 2 bilhões de pessoas. A perda de audição é a terceira condição de saúde crônica mais comum enfrentada pelos idosos e, acredita-se que sua prevalência aumente na dimensão que o envelhecimento da população siga crescendo.


Há algumas semanas a revista científica de medicina The Lancet, publicou um estudo revelando que a perda auditiva pode ser um fator de risco importante para o declínio cognitivo e demência. Os resultados apontam que o uso de aparelhos auditivos pode retardar ou prevenir o declínio cognitivo em pessoas com perda auditiva, principalmente em casos mais graves, podendo reduzir esse risco em até 50%. Além do benefício cognitivo, é comprovado a diminuição dos sinais da depressão, a redução do isolamento social, a melhora da memória e o favorecimento da função executiva com o uso de aparelhos auditivos.

 


O fato de que ouvir menos com o passar dos anos é parte do envelhecimento, mas isso não significa que não devemos buscar um diagnóstico e tratamento adequado. Cuidar da audição é essencial para prevenir a demência, como o Alzheimer, mas também diversos impactos negativos na vida. Todos nós envelhecemos, mas podemos e devemos desfrutar da melhor idade de forma saudável!

 

 

Dra Anelize Ribeiro
Fonoaudióloga
Especialista em Audiologia
Especializada em Desenvolvimento Auditivo
CRFa 3-10414

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